Na trajetória do Emicida, 2019 foi um ano tipo punchline: desses que vem de surpresa, quando você menos espera e como um tiro, te atinge em cheio. Certeza que ele deixou muita gente com as expectativas lá no alto e fez jus a esses momentos a cada novidade lançada. Começou o ano zerando sua página no Instagram e deixando todo mundo curioso com o que estava por vir. “E aí, Emicida, o que você tá aprontando, irmão?”

Deu início aos trabalhos de forma tímida, lançando alguns singles: “Vital”, trilha sonora da Malhação; “Mil Coisas”, ao lado de Drik Barbosa para a campanha de Dia dos Namorados da Imaginarium e a versão webclipe de “Hacia el Amor” com as minas do Ibeyi. Mas por enquanto, nem sinal do cara pelas redes sociais e ainda nenhuma palavra sobre um possível novo álbum. Todo mundo enlouquecido na espera… Foi lá pro final de abril que o zica voltou com tudo, em forma de poema, com #PermitaQueEuFale! Fez um alvoroço e deixou geral na pilha pra saber o que mais a gente podia esperar do cara… “Aê, Emicida, cadê o disco?”

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Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes.

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No comecinho de abril, veio o manifesto de #Impossível, em que ele divide com a gente um pouco de suas percepções em relação ao tempo que levou pra lançar um novo trabalho e como o conceito de disco talvez nem fizesse mais sentido para o que viria por aí. Mas então, o que seria? Uma semana depois ele surpreendeu chegando com “Eminência Parda”, um somzão de peso lançado junto com Jé Santiago, Papillon e Dona Onete. Entoando o canto dos escravos, foi com linhas certeiras que ele retratou a história de uma família preta que, ao fazer uma comemoração, teve lidar com os olhares de reprovação e preconceito de pessoas brancas em um restaurante de alto nível. Deixou todo mundo tremendo e com os nervos à flor da pele. Foi seu primeiro trabalho e com certeza ele mostrou ao que veio. O som rendeu uma premiere exclusiva no Museu Afro Brasil e o auditório ocupado por uma maioria de pessoas pretas ficou de queixo caído. É esse o impacto que Eminência Parda deixa em nós.

Chegou junho e com ele veio a revelação do próximo single e de suas participações: Emicida tava bem acompanhado por Pabllo Vittar e Majur. Foi assim que “AmarElo” surgiu, que ao mesmo tempo que é um grito de socorro, o som é um hino de superação. Lembram do poema “Permita que eu fale” lá do início? Ele voltou com força total em meio aos agudos, melismas e punchlines. É de arrepiar! Seus frutos foram muitos: uma audição na Casa 1, a camiseta Ubuntu Pride (que tinha parte da renda arrecadada para os trabalhos da Casa 1) e uma apresentação ao vivo no MTV Miaw 2019. Já em agosto, o zica tava em modo de preparação para o seu show no Rock in Rio 2019 e junto com o duo Ibeyi entrou nos estúdios da Red Bull pra dar uma nova roupagem pra “Hacia el Amor”, que ganhou uma versão acústica. Mal nóiz sabia que esse encontro ia render mais pra frente… Foi assim que ele chegou com “Libre”, uma pegada de funk que deixou o som dançante.

“Mas e aí, Emicida, cadê o álbum?”. Em meados de outubro, ele pediu desculpas pela demora e agradeceu a espera. Anunciou que o experimento social AmarElo estava por vir e que, com ele, tinha muito o que dizer. No mesmo mês, ele pediu um momento de Silêncio e veio do seu próprio jeito lançando AmarElo pro mundo. As onze faixas vieram e nos envolveram como um abraço. Emicida mostrou um lado novo de si mesmo e como quem manda cartas de amor, nos conquistou a cada música. Fomos agraciados! 

Demos boas vindas a novembro e com ele veio o clipe de “Pequenas Alegrias da Vida Adulta”, o retrato da vida de um homem negro e os momentos simples de felicidade que ele vivencia no dia a dia, além dos sonhos que ele tem de coisas a serem vividas com sua família. E foi se encaminhando para o final do ano que, no Theatro Municipal, ele lançou a turnê AmarElo. Os ingressos esgotaram em dez minutos para as duas apresentações, que aconteceriam na data histórica de 27 de novembro. Foram momentos emocionantes e que deixariam qualquer um com os olhos cheios de lágrimas. Mais que merecido, o show foi vencedor do prêmio APCA e do Guia Folha de melhor show de 2019. Quem diria, hein Emicida? E nos 45min do segundo tempo, ele ainda achou uma brechinha na agenda pra trampar na produção do som “Zé Guaritinha”, do MC Jottapê com o Mano Brown para a trilha sonora do game Free Fire. O mano não pára!

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Sendo assim, vamos rumo aos últimos dias de 2019 com um saldo mais do que positivo: alguns singles, um experimento social de onze faixas, quatro clipes e um livro, a antologia inspirada no universo da mixtape “Pra quem já mordeu um cachorro por comida, até que eu cheguei longe”. Quem já está na expectativa de quais serão os próximos passos do zica em 2020, sabe que, se depender de toda a trajetória de 2019, vem muita coisa boa por aí… Gratidão, Emicida! 💛🌿

Texto por: Carla Silva