AmarElo
Para um mundo em decomposição, Emicida optou por escrever como quem manda cartas de amor. O resultado desse exercício é o novo projeto de estúdio do rapper paulista, AmarElo, em que ele propõe um olhar sobre a grandeza da humanidade. Com o título inspirado em um poema de Paulo Leminski (amar é um elo | entre o azul | e o amarelo), o artista busca - ao longo das 11 faixas - reunir heranças, referências e particularidades encontradas na magnitude da música brasileira e aplicar a elas olhares e aprendizados que acumulou desde o lançamento da sua primeira (e clássica) mixtape Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida Até Que Eu Cheguei Longe (2009). Usando o rap como fio condutor, Emicida soma o clássico ao moderno em uma incursão que ele ousa chamar de neo-samba, também responsável por elevá-lo ao mesmo patamar dos grandes mestres. Produzido por Nave, AmarElo (volume 1) entra nas plataformas de música pela Laboratório Fantasma e com distribuição da Sony Music. Especialmente na Deezer, AmarElo chega com uma faixa introdutória, intitulada "Silêncio" (saiba mais no fim do texto). "Principia" inicia a narrativa do experimento social proposto pelo artista na perspectiva do amor e da fé. Uma maneira de abrir os caminhos para, em seguida, falar de coisas positivas. Regida pelo agogô, um dos instrumentos característicos do Candomblé, a faixa busca em sua sonoridade os caminhos da música sacra brasileira. "Ouvi muito gospel e tudo soava, obviamente, muito norte-americano. Quis encontrar uma forma de trazer aquela força bonita do gospel deles para um ambiente de terreiro, de pé descalço, de canto e de percussão", diz o rapper sobre o processo de pesquisa. "Aqui, é como se negassem a música sacra do Brasil por ela ser preta", pensa. Daí, surgem as participações especiais encarregadas por criar um ponto de contato via a espiritualidade de cada um. Além da cantora Fabiana Cozza (no refrão), Nina Oliveira, Indy Naíse e Marissol Mwaba agregam no coro, assim como as Pastoras da Comunidade do Rosário. Trata-se de mulheres sexagenárias da Igreja do Rosário dos Homens Pretos da Penha de França (construída por descendentes africanos mantidos como escravos no século XVIII). "A importância das Pastoras no coro é por elas conferirem uma energia secular de uma espiritualidade que não se deixou corromper pelo tempo", afirma Emicida. O diálogo é encerrado por uma palavra do Pastor Henrique Vieira. Com vocais de MC Tha, "A Ordem Natural das Coisas" reflete sobre a serenidade como estratégia de sobrevivência. Tal calmaria é aquela vista nas camadas menos abastadas do país, em que um "simples" detalhe da rotina, como uma mãe lembrar o filho de levar o documento, faz com que a vida sempre vença. "Eu me divirto em criar rap com metáforas falando como a gente é foda, mas o que importa, de verdade, é encontrar coisas grandiosas na rotina e fazer com que todo mundo se sinta enorme pelas coisas que tem", resume Emicida. Em seguida, "Pequenas Alegrias da Vida Adulta" dá um cavalo de pau na riquíssima cultura de crônicas do rap brasileiro e conta a história do super-herói que pega ônibus. O gênero sempre elaborou relatos a respeito da pobreza, da tristeza e dos muitos males. Essa canção surge, contudo, para evidenciar a importância de se ter sensibilidade para perceber as "pequenas" vitórias nos detalhes - seja em "uma boa promoção de fralda nessas drogarias" ou ao "encontrar uma tupperware que a tampa ainda encaixa". De quebra, a canção traz Marcos Valle ao piano. "Quando vi ele gravando pensei: 'caralho, Jay Z e Kanye West sampleam o Marcos Valle e a gente TEM o Marcos Valle", diverte-se. No encerramento, uma esquete do humorista Thiago Ventura prepara o terreno para "Quem Tem um Amigo (Tem Tudo)". A música em questão enaltece a beleza que é ter alguém com quem contar, além de ser uma homenagem ao sambista Wilson das Neves (1936 - 2017). "O Seu Wilson não usava WhatsApp, então ele me mandava as melodias em fita cassete pelo correio mesmo. Eu estava trabalhando em algo para nós dois gravarmos, porém ele partiu antes disso", compartilha Emicida. A melodia virou a trilha dessa ode à amizade, que agrega Zeca Pagodinho, a dupla Os Prettos e o grupo japonês Tokyo Ska Paradise Orchestra. "Paisagem" é um retrato de como é chocante, para além das mazelas, a apatia e a passividade com a qual as pessoas lidam com as tragédias diárias que ocorrem no país. A ideia é colocar a questão estrutural em evidência enquanto sociedade, o que resulta no verso "vendo os monstros que surgem com origem na fuligem do vale". O rapper aponta para uma problemática mais complexa do que simplesmente a situação política do país. "O que gera esses monstros e faz com que eles cresçam é abismo social que temos entre um e outro", explica. "Cananéia, Iguape, Ilha Comprida" soa como o som do interior do coração e é a segunda música que Emicida compôs em um instrumento, no caso o piano. Um soulzão que fala sobre a relação claustrofóbica que temos com a cidade e a falta que faz pisar na terra e plantar o próprio alimento. "9nha", por sua vez, vem com a participação de Drik Barbosa. Uma espécie de love song bastante curioso que acena para a música "O Meu Guri", de Chico Buarque, mas com fórmulas emicidísticas. "Ismália" teve como inspiração o poema de mesmo nome escrito pelo mineiro Alphonsus de Guimaraens (pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães). "Geralmente, a tônica dada a esse texto é a romântica, ou melhor, a loucura de amor. Eu enxergo de outra maneira, que é a metáfora do que é ser preto no Brasil", explica o rapper. A voz da cantora Larissa Luz dá a força e a urgência necessária aos assuntos abordados na letra. O poema "Ismália" é lido por Fernanda Montenegro. "Colocar a nossa maior atriz viva para interpretar, dá outra profundidade a tudo aquilo que estamos dizendo", define Emicida. A trinca que encerra AmarElo é composta pelos singles que foram lançados previamente. "Eminência Parda" (com Dona Onete, Jé Santiago e Papillon), a faixa-título "AmarElo" (com Pabllo Vittar e Majur; e sample de "Sujeito de Sorte", de Belchior) e "Libre" (com o duo franco-cubano Ibeyi) foram responsáveis por preparar o terreno e exemplificar o experimento social proposto por Emicida no sucessor de Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa… (2015). Nessas faixas, o artista se preocupa, respectivamente, em: evidenciar de onde emana o poder verdadeiro; incentivar que as pessoas observem ao redor e se enxerguem maiores do que os seus problemas; e gritar pelo direito de poder viver, resistir e amar da sua forma. AmarElo traz em sua capa uma imagem feita pela fotógrafa e ativista Claudia Andujar. "Tem criança de 8 anos sendo baleada pelo Estado", introduz Emicida. "Ter três crianças indígenas na capa, num período em que estão vendo a sua cultura e o seu modo de vida ameaçados, é colocá-las para encarar o Brasil dizendo: 'sério mesmo? vai acontecer tudo de novo?", explica. A outra inspiração foi a capa do disco Stakes is High, do grupo americano de rap De La Soul. O trabalho é tido, nos Estados Unidos, como uma fórmula anti-gangsta de se fazer rap. E AmarElo também tem muito disso. "O rap é compreendido por um estereótipo que é o mesmo dado às pessoas pretas, como a raiva e a pobreza. Muitas vezes, o discurso das músicas corroborou com isso. Por mais que a denúncia seja valiosa, ela achata a experiência e não faz justiça a tudo o que somos. Em AmarElo, a gente foge desse espectro previsível do que o rap pode ser", finaliza Emicida. "Silêncio", a faixa-extra Em uma parceria de lançamento com a Deezer, AmarElo chega a esta plataforma de música com uma faixa de abertura intitulada "Silêncio". Literalmente em silêncio, ela prepara o público para um importante momento de reflexão. "Quando estamos diante de algo grandioso, há tanto para se dizer que a melhor forma de se manifestar é apenas com a contemplação do silêncio", fala Emicida. A música, contudo, ganhou um videoclipe feito pela agência AKQA que trata de dizer muito sobre o que está por vir ao longo das próximas 11 faixas que compõem AmarElo.DRIK BARBOSA
Memórias são capazes de criar ligações afetivas entre gerações, por isso, quando Drik Barbosa canta sobre as suas lembranças e as vivências de uma mulher negra no Brasil, é como se ela desse voz a tantas pessoas que ocuparam (e ocupam) o mesmo espaço que o seu na sociedade, mas foram silenciadas. O disco de estreia da cantora e compositora paulista, homônimo, chega nesta sexta-feira, 11 de outubro, nas plataformas de música, com uma sonoridade urbana, afro-brasileira e contemporânea. Ela soa bastante pop sem deixar de fazer reverência ao rap, levando o gênero em que se destacou para além do seu próprio meio. O álbum tem como ponto de partida "Herança", faixa produzida por AuraSoul e Diego Amani e que serve como cartão de visita da artista. De forma direta e poética, ela contrasta cenas da sua infância com percepções que tem da vida atualmente e diz como a música se transformou em uma ferramenta que a faz resistir. Em seguida, vem "Liberdade", lançada como single previamente e marcada por participações especiais importantes. Enquanto a cantora baiana Luedji Luna emprestou os seus vocais à faixa, a promissora rapper inglesa R.A.E compôs um trecho especial, responsável por dar o tom da mensagem que Drik queria exaltar: mulheres devem ser livres. "Até o Amanhecer" é um love song bem na levada R&B, que é uma das características da paulista. As duas próximas canções também trazem convidados especiais. "Tentação" busca referências no pagode 90 para falar de um amor sedutor ao lado da banda ÀTTØØXXÁ, um dos nomes em destaque na cena contemporânea da Bahia. "Quem Tem Joga", por sua vez, soma as forças de Karol Conka e Gloria Groove em um hit de empoderamento sob a perspectiva da estética, de ser dona do seu próprio corpo e das suas escolhas. Drik costurou um rap com o que há de mais novo no funk brasileiro, tendo como como norte as batidas do funk 150 BPM. "Rosas" inicia a segunda metade do álbum, que é marcada por um papo mais reto e contestador sobre assuntos urgentes. Parceria com Cínico e Lira, esta faixa é um trap que questiona o machismo e os preconceitos existentes na sociedade (e no próprio rap). Emicida e Rael contribuem em "Luz". "A nossa ideia foi criar uma metáfora de como continuamos sendo estrelas e tendo luz mesmo no meio da escuridão", diz Drik. "Trouxe os dois para participar porque o tema tem muito a ver com o que eles cantam, sobre manter a fé e a esperança", completa. "Grave" e "Tão Bom" (parceria de Drik com Rincon Sapiência) evocam a herança em perspectivas diferentes. Nelas, a cantora fala de ancestralidade e da própria família, respectivamente. De autoria da cantora e compositora congolesa Marissol Mwaba, "Renascer" é um dancehall em que Drik canta sobre gratidão e celebração à vida. "Sonhando" encerra o trabalho. Composta por Emicida, a canção cita mulheres que precederam Drik Barbosa no hip hop e serviram de inspiração para ela. "São ícones que abriram os caminhos para que eu seja uma MC e pelas quais sou muito grata", afirma a artista. Drik Barbosa canta que às vezes pensa que está sonhando... e o álbum de estreia faz parte desse sonho, onde ela expõe como é preciso ser mil vezes mais forte e mil vezes mais ágil, mas também como transforma em canção tudo o que toca. Dirigido por Evandro Fióti (Lab Fantasma) e Produzido por Grou, o disco Drik Barbosa chega ao mercado pela Laboratório Fantasma. O trabalho foi selecionado pelo Natura Musical por meio do edital 2018, por meio da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo através do Programa de ação cultural do estado de São Paulo (ProAC ICMS).Capim-cidreira
Com folhas estreitas, compridas e quase sem caule, capim cidreira é uma erva medicinal com propriedades calmantes e aroma agradável. Geralmente, é ingerida em formato de chá. Mas a partir de hoje, 12 de setembro, quinta-feira, também pode ser consumida em formato de música, já que Capim Cidreira é o título do quarto disco de estúdio do cantor, compositor e rapper Rael. Lançado pela Laboratório Fantasma e com distribuição da Sony Music, o trabalho de 10 faixas já está disponível nas principais plataformas de streaming. No novo álbum, o artista paulista partiu da experiência pessoal de um período depressivo para construir um repertório leve, dançante e de boas energias. "Eu precisei ter pensamentos que não conseguia brecar para pra entender a importância de falar em amor próprio", diz Rael. O assunto se traduz, mais diretamente, em "Sempre". "É importante falar sobre isso, até mesmo para desmistificar. Acredito que as palavras têm poder de cura", pensa. Com produção do próprio Rael, Capim Cidreira marca uma mudança em seu processo criativo, em que ele concebe a obra do começo ao fim, pensando na parte instrumental e na estrutura, para depois compor a letra em cima do que foi criado. Os dois primeiros singles do disco, "Flor de Aruanda" e "Bença Mãe", contudo, já haviam revelado que o caminho percorrido por ele ainda seguiria pelo rap e pelo reggae (e com contornos bastante pop). Recentes visitas a três países da África - Angola, Zimbábue e Tanzânia - o aproximaram de referências locais, o que também contribuiu para a identidade do álbum. "Beijo B", por exemplo, é um afrofusion com participação de Thiaguinho, a música consolida a parceria entre os dois artistas e também reforça a facilidade com que Rael transita pelo cenário musical. O primeiro contato deles se deu quando Thiaguinho começou a tocar "Envolvidão" em seus shows. Outra canção que traz convidados é "Só Ficou o Cheiro", no caso a banda Melim, que agrega com as suas good vibes. "Eu já tinha feito parceria com quase todo mundo do rap, queria flertar com outras paradas, experimentar. Rolou uma sintonia com eles", afirma o artista. "Vendaval", por sua vez, é um boombap reggae que teve entre as suas inspirações a turnê que Rael fez tocando o repertório de Vinicius de Moraes, daí a menção aos orixás. "Especial" aparece de duas formas no trabalho, como a sexta canção, em que é apresentada de forma orgânica, com bateria, metais e pegada suingada. E ganhou o nome de "Especial Naya" na décima e última faixa do disco. Mais apoiada no violão, a versão valoriza a voz do artista. Naya é referência ao termo nayambing, uma expressão usada no rastafarianismo para designar o som do coração. "Flor de Aruanda" também ganhou um remix dentro do trabalho, enquanto "Greenga" é a faixa que mais se assemelha aos trabalhos anteriores do cantor e compositor. Brinca com termos em inglês que Rael não sabia quando foi fazer uma turnê no exterior há alguns anos. Capim Cidreira indicado em caso de bad vibes... Ficha técnica: 1: Bença Mãe 2: Sempre 3: Só ficou o cheiro feat. Melim 4: Greenga 5: Flor de Aruanda 6: Especial 7: Beijo B feat Thiaguinho 8: Vendaval 9: Flor de Aruanda (remix) 10: Especial NayaRAEL: AO VIVO EM SP
Um dos lançamentos mais aguardados _e celebrados_ do rap nacional em 2016, o disco “Coisas do Meu Imaginário” (Laboratório Fantasma/Natura Musical), de Rael, chegou aos palcos em março deste ano, em um show que, de tão marcante na história do músico, transformou-se no recém-lançado EP “Ao Vivo em SP”. Com ingressos esgotados, a apresentação, na Audio Club, em São Paulo, foi marcada por mais de 3 mil vozes cantando todas as músicas, do começo até o fim do bis. E é nesta atmosfera, carregando ainda uma indicação ao Grammy Latino de melhor álbum na categoria Urban _com Rael como único concorrente brasileiro_ e o Prêmio da Música Brasileira de Melhor Cantor Pop/Rock/Reggae/Hip Hop/Funk que a tour agora segue. “Coisas do Meu Imaginário” é a base do repertório. “Para pensar o show, entrei no estúdio com a minha banda e foi uma outra imersão, eu redescobri o disco, pude enxergá-lo por outra perspectiva, ver outras possibilidades que essas músicas oferecem ao vivo. Agora veio o EP, que complementou tudo isso. Estou feliz com o que temos construído nos palcos por aí”, diz Rael. Não só pelo ineditismo do setlist, a noite reserva muitas surpresas aos fãs, especialmente aos que acompanham Rael desde seus primeiros trabalhos, que serão relembrados. Rael se apresenta acompanhado por Bruno Dupré (guitarra), Rafael da Costa (baixo) e Felipe da Costa (bateria). O cenário é de Zé Carratu, e a direção musical do espetáculo de Rael com Dudu Marote.10 ANOS DE TRIUNFO (DVD)
Em 10 anos de carreira, o rapper Emicida misturou gêneros musicais, trabalhou com diversos artistas, criou projetos em homenagem a outros músicos e montou uma empresa, a Laboratório Fantasma, que é gravadora, estúdio, produtora de shows e uma marca de roupas; tudo isso tendo a arte urbana como princípio. Com a intenção de celebrar esse momento, ele organizou um show histórico, com um setlist de 27 músicas e 13 convidados em 20 de novembro de 2017, dia da Consciência Negra, na Audio, em SP. O repertório passeia por toda a sua discografia, desde a primeira mixtape, "Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida até que Eu Cheguei Longe”, até sucessos mais recentes como “Bang”, “A Chapa é Quente” (indicada ao Grammy Latino 2017), “Hoje Cedo”, “Passarinhos” e “Mandume”. Emicida ainda apresenta a inédita “Todos os Olhos em Noiz”, na qual divide os vocais com Karol Conka. Além da cantora curitibana, ele recebe Rael, Caetano Veloso, Pitty, Vanessa da Mata, Drik Barbosa, Guimê, Coruja BC1, Rashid, Prettos, Muzzike, Amiri e Raphão Alaafin. A direção do DVD traz ampla participação dos fãs e é conduzida por Fred Ouro Preto, parceiro de longa data, diretor do clipe “Triunfo”, entre outros, e “especialista” em traduzir em imagens a música de Emicida. A direção musical fica por conta de Dudu Marote. Tracklist: 1 - Bang 2 - Gueto/Os muleke é liso (part. especial MC Guimê) 3 - I love quebrada 4 - A chapa é quente (part. especial Rael) 5 - A cada vento (part. especial Rael) 6 - Oásis (part. especial Rael) 7 - Alma gêmea 8 - Madagascar 9 - Baiana (part. especial Caetano Veloso) 10 - Haiti / Dedo na ferida (part. especial Caetano Veloso) 11 - Mãe 12 - Como tudo deve ser 13 - Hoje cedo (part. Pitty) 14 - Chapa 15 - Passarinhos (part. especial Vanessa da Mata 16 - Hino vira-lata (part. especial Os prettos) 17 - Mufete 18 - Todos os olhos em nóiz (part. especial Karol Conká) 19 - Ooorra 20 - Boa esperança (part. especial Jota Ghetto) 21 - Zica, vai lá! 22 - Nóiz 23 - Ubuntu Fristailli 24 - Mandume (part. especial Drik Barbosa, Amiri, Coruja BC1, Rico Dalasam, Muzzike, Raphão Alaafin e Rashid 25 - Rinha 26 - Levanta e anda (part. especial Rael) 27 - TriunfoESPELHO
O primeiro EP de Drik Barbosa já traz toda a força do canto, da palavra e do ritmo dessa jovem paulistana de 25 anos. Cantora, compositora e integrante do coletivo Rimas & Melodias, ela compôs 5 músicas que expressam bem sua personalidade, tanto que batizou o EP de "Espelho". "Foi um processo bem íntimo, cada faixa é como se fosse uma conversa comigo mesma; sobre estar encarando meus sentimentos, lutas e pensamentos. Por isso o nome “Espelho”, por eu estar diante de mim e expondo essas emoções e vivências sem medo" - explica ela. O trabalho também é permeado pelo simbolismo da água. “A água representa a purificação, a origem da vida, a limpeza e traz cura mas também é força e fúria quando necessário. E, independente de onde esteja, em um copo ou no oceano, a água continua sendo água e da mesma forma que, independente de onde eu vá ou esteja, mantenho a minha essência”, explica Drik. A sonoridade de “Espelho” transita entre rap e R&B. A direção musical é assinada por Grou, produtor e beatmaker, que já trabalhou com Emicida, Kamau, Criolo e Rimas & Melodias, entre outros e produziu 4 faixas do EP. O primeiro single, "Melanina", foi produzido por Deryck Cabrera, também beatmaker, que tem no currículo trabalhos com Criolo, Jay Prince, Don L. e outros. O projeto que conta também com as participações de Rincon Sapiência e Stefanie Roberta é o primeiro gravado no mais novo estúdio da Lab Fantasma, sua gravadora. Faixa a faixa por Drik Barbosa- ESPELHO - É sobre quem eu sou, sobre como vejo a vida e lido com ela, sobre ter encontrado curas para minhas inseguranças e aprendido com os meus erros. Essa faixa conta com a participação da Stefanie, MC que foi uma grande inspiração para mim.
- BANHO DE CHUVA - Inspirada em uma reflexão que tive em um dia chuvoso, quando me lembrei de como ficava feliz tomando banho de chuva na minha infância e de como hoje em dia, sendo adultos, deixamos nos levar pelos problemas e esquecemos de ver felicidade nas pequenas coisas.
- INCONSEQUENTE: É sobre uma pessoa que encontra um amor depois de ter vivido relacionamentos ruins. É sobre se apaixonar sem medo, encarar e viver o sentimento.
- CAMÉLIA: Sendo mulher e negra, falo sobre finalmente encontrar “liberdade” em meio a esses preconceitos (racismo e machismo) que tentaram e ainda tentam me aprisionar. A flor camélia foi símbolo abolicionista, escravos que conseguiam fugir sabiam que podiam contar com a ajuda de pessoas que usavam a flor na lapela ou no decote. A faixa leva esse nome e esse conceito porque acredito que minha música pode ajudar pessoas a se libertarem de alguma forma, assim como a música tem me libertado.
- MELANINA: É uma música sobre diversão. Independente da correria do dia a dia precisamos curtir a vida. Me inspirei na festa Discopédia, que acontece às terças no centro de SP, e que frequento há muitos anos, pra compor essa faixa. Também chamei Rincon Sapiência para participar, MC que admiro muito.
Gente Bonita
Em maio de 2016, Fióti, “jovem veterano” no backstage da música, fez enfim sua aguardada estreia oficial à frente dos microfones. Jovem veterano porque com apenas 27 anos comanda como empresário a Laboratório Fantasma, gravadora e produtora que está completando 8 anos e se tornou referência internacional no mercado independente. Estreia oficial porque, apesar da relação com o violão que vem desde a infância, da fase “cantor de bar” na adolescência e das participações com Emicida e outros amigos, o EP “Gente Bonita” é, como bem definiu seu irmão, “o primeiro filho planejado do casamento feliz de Fióti com a música. É sério. Você já viu mil crianças nessa vida, mas quando chega a sua vez de gerar uma é especial”. Três meses após ganhar as ruas, envolvido nessa atmosfera de realização e do início de um novo ciclo, “Gente Bonita” se transformou em turnê. Neste hiato, enquanto escalava o time para acompanhá-lo Brasil afora, Fióti tinha como grande desafio conseguir transportar para o palco a mesma mensagem do trabalho: a de reforçar a autoestima e a beleza do povo brasileiro, que transparece em faixas como a que dá nome ao trabalho. “Eu estou fazendo a direção artística desse show, desde o início norteado por essa ideia de transmitir a mesma mensagem do EP porque senti que foi algo com o que as pessoas se identificaram muito, estivessem elas vivendo questões pessoais ou mesmo em meio ao turbilhão político e social do país, já que músicas como ‘Obrigado, Darcy’ tocam nesse ponto”, conta Fióti. No repertório do show, além das seis faixas do EP está a inédita “Nego Lutou”. O público ainda terá a oportunidade de ver Fióti soltando a voz em releituras, canções em francês, crioulo caboverdiano, português e inglês e dividindo-se entre o violão, a guitarra e a percussão. Fióti se apresenta acompanhado por banda e a produção musical do espetáculo é dele com Julio Fejuca, os arranjos de metais de Edy Trombone e o figurino de Fióti de João Pimenta.Língua franca
Nomes de maior destaque da cena hip-hop brasileira, Emicida e Rael lançam na sexta-feira, 26, o álbum “Língua Franca”, em parceria com os rappers portugueses Capicua e Valete. Com repertório de dez faixas inéditas, o projeto já havia apresentado os singles “Ela” e “A Chapa É Quente”. Celebrando a língua comum entre os dois países, o álbum contou com a produção de Kassin, que já trabalhou com nomes como Marisa Monte e Gal Costa, Fred Ferreira, integrante da Banda do Mar, e Nave. O projeto é uma colaboração entre os braços brasileiro e português da Sony Music e o selo Laboratório Fantasma. Minha Pátria É Minha Língua (por Caetano Veloso) O rap é a língua franca da diáspora negra e, já hoje, de algumas gerações de pessoas muito jovens, de todas as cores, nas cidades do mundo. O português é a língua franca da Damaia, do Cachoeira, do Grajaú, do Porto, de São Tomé e Príncipe, de Cabo Verde, de Angola, de Moçambique, do Brasil e de Portugal. São muitas camadas de desqualificação superpostas, muitas camadas de opressão. Muita ginga. Capicua (com seu nome artístico de origem catalã, em que significa palíndromo: seu nome de batismo é Ana) é branca; Valete é negro; Emicida e Rael são mestiços. Os dois primeiros são portugueses; os dois últimos, brasileiros. Os quatro falam a mesma língua. A língua franca do rap. E a língua franca da lusofonia. O simples fato de tê-los aqui reunidos é já, a meus olhos mulatos do recôncavo baiano, acontecimento de grande monta. Mas há Kassin, Nave e Fred Ferreira, além de Sara Tavares, destilando o que é moderno dos dois lados do Atlântico. Creio que devemos muito de tudo isso a Emicida e a seu irmão Fióti (que é citado numa das muitas rimas): as movimentações desses dois duendes da periferia paulistana e da vida online são sempre consequentes. Para mim, é todo um mundo humano que se representa nessa associação de MCs. Todo um mundo que aprende a levantar-se. Eles trocam mutações de palavras da língua inglesa (e de nomes de pioneiros anglófonos) ocorridas na gestação do hip-hop no Brasil e em Portugal, misturam-nos com os mitos africanos, afro-baianos, afro-brasileiros, afro-lisboetas, trazem tudo para dentro dos coloquialismos de suas quebradas transatlânticas e enriquecem a nossa vida. Dão-nos esperança. Criam esperança. São os gênios invisíveis que se fazem ver. Falam aos amigos. Cantam a deusa do ébano. Guerreiam o ego. Abrem trilhas futuras. É disso que todos precisamos. Porque, como escreveu Bernardo Soares, que é um dos nomes de Fernando Pessoa: "Minha pátria é a língua portuguesa". Repertório- Amigos
- (A)tensão!
- Gênios Invisíveis
- AFROdite
- Egotrip
- A Chapa É Quente
- Modo Vôo
- Vivendo Com A Morte
- Ideal
- Ela