DRIK BARBOSA
Memórias são capazes de criar ligações afetivas entre gerações, por isso, quando Drik Barbosa canta sobre as suas lembranças e as vivências de uma mulher negra no Brasil, é como se ela desse voz a tantas pessoas que ocuparam (e ocupam) o mesmo espaço que o seu na sociedade, mas foram silenciadas. O disco de estreia da cantora e compositora paulista, homônimo, chega nesta sexta-feira, 11 de outubro, nas plataformas de música, com uma sonoridade urbana, afro-brasileira e contemporânea. Ela soa bastante pop sem deixar de fazer reverência ao rap, levando o gênero em que se destacou para além do seu próprio meio.
O álbum tem como ponto de partida “Herança”, faixa produzida por AuraSoul e Diego Amani e que serve como cartão de visita da artista. De forma direta e poética, ela contrasta cenas da sua infância com percepções que tem da vida atualmente e diz como a música se transformou em uma ferramenta que a faz resistir. Em seguida, vem “Liberdade”, lançada como single previamente e marcada por participações especiais importantes. Enquanto a cantora baiana Luedji Luna emprestou os seus vocais à faixa, a promissora rapper inglesa R.A.E compôs um trecho especial, responsável por dar o tom da mensagem que Drik queria exaltar: mulheres devem ser livres. “Até o Amanhecer” é um love song bem na levada R&B, que é uma das características da paulista.
As duas próximas canções também trazem convidados especiais. “Tentação” busca referências no pagode 90 para falar de um amor sedutor ao lado da banda ÀTTØØXXÁ, um dos nomes em destaque na cena contemporânea da Bahia. “Quem Tem Joga”, por sua vez, soma as forças de Karol Conka e Gloria Groove em um hit de empoderamento sob a perspectiva da estética, de ser dona do seu próprio corpo e das suas escolhas. Drik costurou um rap com o que há de mais novo no funk brasileiro, tendo como como norte as batidas do funk 150 BPM.
“Rosas” inicia a segunda metade do álbum, que é marcada por um papo mais reto e contestador sobre assuntos urgentes. Parceria com Cínico e Lira, esta faixa é um trap que questiona o machismo e os preconceitos existentes na sociedade (e no próprio rap). Emicida e Rael contribuem em “Luz”. “A nossa ideia foi criar uma metáfora de como continuamos sendo estrelas e tendo luz mesmo no meio da escuridão”, diz Drik. “Trouxe os dois para participar porque o tema tem muito a ver com o que eles cantam, sobre manter a fé e a esperança”, completa.
“Grave” e “Tão Bom” (parceria de Drik com Rincon Sapiência) evocam a herança em perspectivas diferentes. Nelas, a cantora fala de ancestralidade e da própria família, respectivamente. De autoria da cantora e compositora congolesa Marissol Mwaba, “Renascer” é um dancehall em que Drik canta sobre gratidão e celebração à vida.
“Sonhando” encerra o trabalho. Composta por Emicida, a canção cita mulheres que precederam Drik Barbosa no hip hop e serviram de inspiração para ela. “São ícones que abriram os caminhos para que eu seja uma MC e pelas quais sou muito grata”, afirma a artista.
Drik Barbosa canta que às vezes pensa que está sonhando… e o álbum de estreia faz parte desse sonho, onde ela expõe como é preciso ser mil vezes mais forte e mil vezes mais ágil, mas também como transforma em canção tudo o que toca.
Dirigido por Evandro Fióti (Lab Fantasma) e Produzido por Grou, o disco Drik Barbosa chega ao mercado pela Laboratório Fantasma. O trabalho foi selecionado pelo Natura Musical por meio do edital 2018, por meio da Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo através do Programa de ação cultural do estado de São Paulo (ProAC ICMS).