Desde que lançamos a nossa coleção LAB Yasuke na São Paulo Fashion Week, com um desfile cheio de representatividade de nossas origens e de nossa luta, estamos recebendo alguns questionamentos sobre o valor das peças. “Será que a favela vai conseguir comprar?”.

Então, vamos falar sobre os preços.

Hoje é possível comprar uma camiseta regata LAB em duas cores, com estampa, em malha 100% algodão por R$ 59,90. Ou ainda uma regata cropped em suplex, estampada por R$ 69,90. Uma camiseta masculina 100% algodão de primeira linha sai pelos mesmos R$ 69,90. Sabe o que isso significa? Que a faixa de preço que adotamos para coleção LAB Yasuke é a mesma que sempre praticamos em nossas coleções anteriores.

A gente vende roupa há 7 anos e sempre procuramos oferecer o melhor produto pelo melhor valor. Quando decidimos apostar nessa coleção que tinha a intenção de representar um salto na nossa trajetória no mercado da moda, não foi diferente: o padrão das peças tinha de ser mantido, o estilo tinha de ser atual, a grade tinha de atender gente de todo tamanho e, novamente, o valor tinha de ser o mesmo que a gente sempre praticou.

E isso não foi nada fácil. Foram dias negociando com fornecedores e parceiros para que nos ajudassem a equilibrar o custo de produção e confecção de forma que esses produtos chegassem ao nosso consumidor final com o preço mais justo possível.

Mas vale entender um pouquinho melhor como se chega nessa equação. Os preços de uma marca são definidos tomando como base todo o custo que está embutido na confecção de uma peça, como o tecido, a logística, os impostos e também a mão de obra. Quanto mais justa for a remuneração ao longo desta cadeia, mais impacto haverá no preço final do produto. O que faz a diferença no preço de mercadorias de uma mesma categoria é, principalmente, a forma de produzir, a matéria-prima utilizada e a quantidade produzida.

Isso significa dizer que, sim, é possível encontrar camisetas mais baratas do que as nossas no mercado. Porém, sem garantia de que essa cadeia está sendo remunerada justamente, que trabalhadores tem condições de segurança e saúde adequadas e que o produto que o consumidor está comprando tem um tecido de qualidade e acabamento superior.

Nossa opção foi buscar a via do comércio justo. O mínimo que tínhamos que fazer era aquilo que sempre fizemos: reconhecer e remunerar de forma justa o trabalho de parceiros de longa data que estão lá na ponta desse processo, bem como optar por matérias-primas que garantem a qualidade do nosso produto.

 

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Um outro fator importante é que somos uma marca pequena. Mesmo alcançando lugares improváveis, somos pequenos e saímos do nada. Não temos uma demanda tão grande que justifique produção em larga escala a ponto de competir com os preços praticados por grandes redes varejistas do mercado de moda.

Na história do Lab Fantasma, que começou de um sonho de dois irmãos que queriam fazer diferente e fazer a diferença, o processo de produção sempre foi um tema importante. Veio da venda das camisetas nas banquinhas dos shows de Emicida o recurso necessário para os primeiros discos. Mais do que uma camiseta, quem comprava naquela banquinha não estava comprando apenas uma peça de roupa bacana. Estava comprando uma causa, estava apoiando a realização de um sonho de alguém que representava também os sonhos de tantas pessoas que queriam se sentir parte daquilo tudo.

E hoje a gente tem segurança e orgulho de dizer que essa nova marca vai muito além daquilo que ela se propôs a ser lá no início: transfere a rua para um cenário fashionista e de reconhecimento na moda brasileira, representa e dá voz para aqueles que nunca se viram incluídos neste universo e ainda alimenta a possibilidade de uma vida melhor para quem está dentro dessa cadeia produtiva. Nós vendemos muito mais que roupas.