Quem são os retratados em Mandume?

Por Fernanda Ramone

O último clipe do Emicida, Mandume, é eminente. Roteiro, cenários, imagens, estética, figurino, tempo de duração e o tempo que versa nas rimas a urgência do tempo das ruas e personagens; tudo é superlativo.

O vídeo é uma dedicatória, é o desejo de apresentar, aplaudir e expandir a força, ancestralidade, consciência e presença de todos os mandumes.

ALUNAS DO INSTITUTO CRIAR

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O Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias tem como missão promover o desenvolvimento profissional, sociocultural e pessoal de jovens periféricos por meio do audiovisual.

Uma delas é Esther (na imagem acima, de cabelo rosa), que cresceu frequentando a igreja evangélica até que foi escutar as forças de outras palavras. Voltou, assim como o pai caminhoneiro fazia sempre, para trazer novas palavras de novos horizontes, que virariam arte pelas mãos da mãe artesã e faxineira.

AUGUSTO OLIVEIRA E AIMEE REGINA

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Augusto é rapper e um dos organizadores da Batalha da Leste. A erudição da percussão veio em 2005, com mestres da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP). Especializou-se na liberdade do ritmo, das palavras e da arte pela Universidade Livre de Música (ULM). Seu último trabalho pode ser ouvido inteirinho aqui.

Aimee Rainha (Regina) dourada.
“Mas se a minha vida é rio, aqui Oxum impera, reside e não deixa espaço pro que não é de ouro entrar.” Faz parte do coletivo A Team, que organiza a festa Punga, juntando DJs residentes e nomes da cena do rap underground de todo o Brasil.

BIA, NÉRIDA, GENIZE E MAYTHE

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Beatriz Natália é Gastrônoma, Cozinheira, Produtora de Eventos, Festas e Artistas. Tudo em maiúsculo e sempre bem pontuado, marcado, esclarecido, elucidado.

Nérida Cocamáro é Modelo. Desfila imensidão, sabedoria e raízes da ancestralidade dos pais originários de Guiné Bissau – África Central. Carrega saudades e beleza transoceânicas.

Genize Ribeiro é Jornalista. Vivência e sobrevivência na periferia e nas histórias do rap. É indignada nata e escolheu ser jornalista para poder dar voz às palavras de realidades sem cabimento.  Faz parte do Coletivo African Plus Size.

Maythe David é Cantora, Produtora e Modelo Plus Size. Administra o tempo, o trabalho, as percepções e as atuações para que o mundo tenha espaço, aceite e valorize mulheres denominadas fora dos padrões. Também faz parte do Coletivo African Plus Size.

GUILHERME GAN

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Som para ele é ritmo, sempre sentiu que sua força é a dança.
A tatuagem no peito é a letra de uma música do Emicida, coincidentemente, uma homenagem ao irmão, que foi embora cedo. Ele era o maior incentivador de Guilherme em relação à dança.

Coincidentemente também, Guilherme estava havia um ano ensaiando uma coreografia de “Mandume” para apresentações. É mestre em seu próprio estúdio de dança, o Studio Slum Bounce.

JONATHAS BARRETO

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Cantor e Assistente de e-commerce. Descobriu aos sete anos os poderes de defesa e de ataque através da poesia e do ritmo do que considera ser a expressão da alma: o rap.
É fã do Emicida. Foi chamado para participar do clipe porque comentou em uma foto no Facebook que queria participar.

AS CANTORAS KAROL DE SOUZA E STEFANIE

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Karol é apreciadora e ouvinte de rap desde que o descobriu em Curitiba, sua cidade natal, aos 17 anos de idade. Produzia festas e fanzines de rap. Depois de muito ouvir, deixou o rap fluir e hoje também canta e compõe.

Stefanie na verdade queria ser DJ, na verdade é apaixonada pela cultura hip hop, na verdade ama as palavras e desde que as mostrou a Kamau vem cantando tudo que tece.

BAILE DO PASSINHO

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Vilmar (o segundo da esquerda pra direita) é empresário da produtora A Tropa, que gerencia alguns artistas do funk e dançarinos do Baile do Passinho como Pelé, Keyson e Exalta (na foto).

KELEN LIMA E RODRIGO SOMÁLIA

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Kelen é designer. Especialista em junções, ama as cores. Com uma amiga criou a Miscê, marca de acessórios, e segue misturando, se envolvendo e fazendo combinações para a vida e na arte.

Rodrigo é modelo e massoterapeuta. Toque. Deixou se tocar pelo rap e se fortaleceu. Forte, escolheu tocar para ajudar na cura. E desfila, já caminhou até as passarelas de Milão.

LUCAS GONZAGA E LOO NASCIMENTO

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Lucas é modelo. Soteropolitano, desde 2013 desfila sua baianidade nagô em São Paulo.

Loo é luz, é empresária de uma marca de roupas com a irmã, a Dresscoração, um projeto de referências de comportamento e estilo que se propõe a aprumar com o coração, vestir se amando.

MARI NAKANO E LAYLAH ARRUDA

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“Uma deusa, uma louca, uma feiticeira”. Mari é lutadora e artesã de delicadezas na Ohime Alargadores.

Laylah é cantora, DJ e lutadora. Canta, toca, se mexe e se preocupa em trazer mensagens e sensações de amor, desamor, sensualidade, questionamentos e apontamentos sociais para que seus ouvintes possam enxergar a si próprios.

MOOC

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Movimento Observador Criativo
São jovens, são potência, organização, observação, e ímpeto. São movimento. São especialistas na proposta de utilizar meios criativos para expressar o lifestyle do jovem negro brasileiro.

COLETIVO NÓS MULHERES DA PERIFERIA

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“Uma palavra escrita não pode nunca ser apagada. Por mais que o desenho tenha sido feito a lápis e que seja de boa qualidade a borracha, o papel vai sempre guardar o relevo das letras escritas. Não, senhor, ninguém pode apagar as palavras que eu escrevi.” Maria Carolina de Jesus

Regiany Silva é designer.  Cofundadora do Nós Mulheres da Periferia. Comunicadora, ilumina os lugares a serem ocupados pelas mulheres tidas como invisíveis da periferia. O coletivo propõe reduzir o espaço vazio na imprensa e a falta de representatividade da mulher negra, buscando mais protagonismo e visibilidade.

Semayat Oliveira é jornalista. Cofundadora do Nós Mulheres da Periferia. O coletivo é feito por elas e para elas, todas elas, todas as mulheres e causas do universo feminino da periferia.

OS POETAS

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Cocão a Voz é rapper e poeta.
Atua no coletivo Sarau da Cooperifa com Sergio Vaz. Integra o grupo de rap Versão Popular há 18 anos e é produtor cultural em escolas com os projetos EDUCARAP, PROJETA FILMES e PROJETO AVOZ.

Elizandra Souza é poeta, jornalista, editora da Agenda Cultural da Periferia na Ação Educativa, locutora da Rádio Comunitária Heliópolis FM, integrante do Sarau das Pretas – SP. Autora do livro de poesias “Águas da Cabaça”.

Idealizadora do evento Mjiba em Ação – Comemoração ao Dia da Mulher Negra e editora do Fanzine Mjiba.

Mel Duarte é militante das palavras no Sarau das Minas e poeta em Poetas Ambulantes, que há quatro anos realiza intervenções poéticas dentro dos transportes públicos de São Paulo. Possui 2 livros publicados de forma independente: “Fragmentos Dispersos” (2013) e “Negra Nua e Crua” (2016). Acaba de vencer o Rio Poetry Slam, campeonato de poesia que aconteceu na Flupp (Festa Literária das Periferias)

Akins Kinte é poeta e diretor, publicou os livros “Punga” (coautoria Elizandra Souza), “InCorPoros – Nuances de Libido” (coautoria Nina Silva) e “Muzimba”. Dirigiu os filmes “Vaguei os Livros me sujei com a m… Toda”, “Várzea, a Bola Rolada na Beira do Coração” e “Zeca, o Poeta da Casa Verde”. É também arte-educador na Fundação Casa desde 2008 pela ONG Ação Educativa. Organizou o livro “E voa o pássaro cativo” com os internos da UI Itaquera em 2009 e o livro “Litera-rua-Liberdade através das palavras”, junto dos adolescentes da UI Fazenda do Carmo em 2012.

AS DANÇARINAS

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Tati Cass é dançarina e circense.
Seu primeiro contato com a dança aconteceu aos oito anos de idade no Grupo Cultural Quimtáce, principal projeto responsável por estimular e preparar a dançarina no estilo ‘afro’. Trabalhou no “Camarote Salvador” fazendo performance em tecido acrobático. Também fez parte do “Balé Du Brown”, de Carlinhos Brown, na edição de 2015/2016.

Mayara Rosa, além de dançar é professora, formada pela ETEC de Artes de SP. Integra o Grupo Ewé – grupo de aprendizado da cultura afrobrasileira para fins artísticos, que conta com estudos de danças, músicas, literatura e costumes brasileiros com influência africana.

TONY REIS

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Ator e realizador dos próprios sonhos. Soteropolitano. Escolhido pela profissão. Fortalecido por tudo aquilo que não o matou. Encantado com o atuar, reverberou, atuou em minissérie global e peças do Teatro Oficina.

Quem é a diretora?

GABI JACOB trabalha com o rap desde 2010.

Já dirigiu artistas como Rodrigo Ogi, Lurdez da Luz, Slim Rimografia, Funk Buia, Aláfia, Rael, Raphão Alaafin e o próprio Emicida nos clipes de “InSOMnia”, com Ogi, e a segunda unidade de “Zica, vai lá”.

É idealizadora e diretora do movimento Casa de Clipes, que, além de inúmeras atividades relacionadas ao cinema e à música, ministra oficinas de videoclipe para jovens periféricos. Neste ano estreou um programa no YouTube chamado “O Canto”, em parceria com o Instituto CRIAR e equipe majoritariamente feminina. No episódio 1, Lurdez da Luz, grávida de 7 meses na época, cantava a dificuldade de se criar um filho hoje, nesse “Brasil Colônia”. O episódio 2 deu o que falar com o furacão Xênia França cantando “Breu”. O clipe é de arrepiar e foi chamado pela revista RG de “Lemonade” brasileiro. “O Canto” é parte integrante do Casa de Clipes.